quarta-feira, 10 de outubro de 2012
ESCOLHER UM LIVRO
Ler não é uma actividade natural e vital como comer, beber, etc, etc.
Refiro-me a palavras e livros.
É natural chegar à janela e ler o tempo nas nuvens, olhar para alguém e ler-lhe a boa ou má disposição na expressão do rosto. E tantas outras coisas que lemos permanentemente e sem dar por isso.
Mas ler livros não é natural.
Há quem tenha curiosidade e apetência genuínas pelos encantos que as palavras e os livros escondem. E há quem não tenho curiosidade nenhuma. Ou, pior, quem por birra afirme assanhadamente que não quer ou não gosta de ler.
A verdade é que ler tem de ser uma actividade induzida, encaminhada, incentivada. Uma dádiva de amor e afecto. Os pais, os professores, os promotores do livro e da leitura devem levar os seus meninos pela mão. É preciso ler-lhes histórias, ajudá-los a escolher as suas histórias, dar-lhes liberdade de encontrarem os seus caminhos de leitura.
E não basta ler aos meninos quando eles são pequeninos. Ajudar os outros a ler e a amar a leitura é, quanto a mim, o trabalho de uma vida.
A minha amiga Isabel Stilwell dizia-me que leu histórias aos filhos à hora de dormir até aos 18 anos!
Atenção, senhores professores: ler é muito mais do que uma competência. Um professor que se limita às competências é obviamente incompetente. Porque as competências são só metade da verdade.
Ler é um acto civilizacional, de construção pessoal, de encontro com o mundo.
Afirmou Gerges Steiner:
“Ler não é sofrer mas, falando com propriedade, estarmos prontos a receber em nossa casa um convidado, ao cair da noite.”
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