sábado, 17 de novembro de 2012
O MÁGICO PODER DO LEITOR
ALBERTO MANGUEL- A invenção da escrita, há cinco mil anos, comporta uma mudança neurológica muito importante. Muda a nossa noção de tempo e de espaço. (...) O tempo como um presente absoluto e o espaço como o lugar que habitamos ou que podemos percorrer, converte-se em algo ilimitado. Porque, dado que eu posso pôr por escrito algo que tu podes ler, isso pode ser lido dentro de cem anos e pode ser lido do outro lado do mundo.
ALBERTO MANGUEL - Na civilização mesopotâmica a existência do escriba é essencial porque o escriba não é só quem escreve leis mas também quem as decifra, É ele que pode dizer ao rei: "o teu avô, quando reinava, disse que a terra x pertence a y."
Então, já que o leitor é aquele que decifra, esse poder que ele tem provoca medo dentro da sociedade.
Esse temor ao poder do leitor é algo que permaneceu ao longo da História. O temor (àqueles) que têm o poder de escrever e ler: bruxas, magos e alquimistas. É o medo a quem pratica uma actividade secreta.
(Da entrevista conduzida por Carlos Vaz marques na Revista LER de Novembro 2012)
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