domingo, 24 de março de 2013

POESIA À MESA




Foi no sábado à noite o encerramento da POESIA À MESA em S. João da Madeira.

Em palco tive o orgulho de acompanhar a sr. D. Eunice Muñoz e o meu querido amigo e declamador Pedro Lamares. Dissemos poemas, falámos de poesia, contámos histórias mais sérias ou mais divertidas, como a do arrumador de carros do Porto que perguntou à Eunice se não tinha morrido. Ela disse-lhe que não e ele insistiu: "Mas tem a certeza? É que eu vi na televisão!".

Connosco também dois músicos maravilhosos, o pianista António Palma e o saxofonista Guto Lucena.

Foi uma noite perfeita, se é que existe a perfeição.

E foi o fechar com chave de ouro de uma inciativa que ano após ano mostra como a poesia ´popular e pode arrastar um número muito significativo de participantes, nomeadamente na noite anterior em que cerca de 300 pessoas estiveram horas a ouvir poesia no Mercado da cidade.



As nossas ditas elites, tradicionalmente iliteradas e avessas ao pensamento e à cultura (falo de muitos dos dirigentes de televisões, directores de jornais, ministros, políticos, etc), fogem da poesia porque não a entendem e fazem da sua iliteracia um espelho onde querem que os portugueses se revejam.

Mas os portugueses também se encontram e se constroem e crescem e se tornam melhores pessoas, mais solidárias, mais profundas, mais felizes, no teatro, na poesia, na leitura. E quando alguém lhes dá a mão e lhes diz: "Querem ouvir este poema?" com a arte de uma pessoa como a Eunice, então as pessoas juntam-se mesmo em torno da voz de quem diz e das palavras de quem escreve.

Acontecimentos como a POESIA À MESA dão-nos a certeza de que este país é mesmo um país de poetas, um país que nos últimos tempos foi invadido por um bando de semi-bárbaros, que mandam em muitas coisas e só têm de bom o facto de estarem a prazo e nunca constarem dos livros do futuro.

4 comentários:

BE/CRE Maria Veleda disse...

Bonitas palavras, Zé!Páscoa Feliz.

Sílvia Alves disse...

Estou, totalmente, de acordo! E são palavras para o futuro:"os portugueses também se encontram e se constroem e crescem e se tornam melhores pessoas, mais solidárias, mais profundas, mais felizes, no teatro, na poesia, na leitura."

Florinda disse...

Não podia estar mais de acordo com tão sábias palavras, caro José.
É, sem dúvida, uma grande tristeza (para esses iletrados, claro)não poderem/quererem/saberem partilhar do emergante significado da (nossa)poesia...
Um gr bjinho e votos de uma doce e poética Páscoa

Unknown disse...

será que os semi-bárbaros estão a prazo?...
...já não sei de nada...
é que mesmo que estes desaparecessem (o que não prevejo para o nosso tempo de vida útil), logo outros surgiriam debaixo de umas quaisquer pedras...

e não os temos também entre nós? contagiados desses do norte?...
... já não sei de nada...

bom renascimento, caro José Fanha!