Maria Teresa Horta desenvolve uma música muito própria ligada à própria música do corpo, sendo uma das poetas que traz o corpo e o desejo de uma forma clara e livre para dentro do poema.
MARIA TERESA HORTA (1938)
DEPOIMENTO
Eis que desço
as mãos
os dedos nus
Eis que empunho
o vidro
pela face
Eis que te utilizo
e te
destruo
Eis que te construo
e te
desfaço
Eis o gume novo
desta
pedra
Eis a faca aberta
na
manhã
as árvores
ocultas
nas palavras
o couro – a violência
o trilho
a lã
Eis o linho bordado
numa cama
a linha na fímbria
da toalha
o fuso – o feltro
o fundo da memória
Eis a água
dita
como vã
depostos objectos
de batalha:
a tenda
a espada
a sela
a sede
a vela
Eis que deponho
aquilo
que me ganha
e que retomo
a seda com que visto
a faca da sede
com que rasgo
o rigor da calma
o rigor das pernas
o rigor dos seios
quando minto
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