sexta-feira, 11 de abril de 2014
NÃO POSSO ADIAR O CORAÇÃO
Amar era proibido no regime salazarista. Ofendia a boa moral, a pouca vergonha encapotada de moral, a moralo como instrumento de dominação.
Amar, amar a sério, amar intensamente, amar deslumbrantemente à luz do sol sempre foi uma ofensa aos ditadores. O corpo sempre foi um lugar de interditos mesmo quando reina como agora a pornografia das casas dos segredos e outras que tais
Amar à luz do dia era uma forma de rsistência. Como aqui no-lo mostra António Ramos Rosa com um poema de 1960.
Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas
Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
Não posso adiar o coração
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1 comentário:
Em Abril
que vivam os cravos vermelhos
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