sexta-feira, 30 de novembro de 2007

SOBRE A IMPUREZA

(para o António Pinho Vargas)

Sou impuro.
Ponto.
Dado a mestiçagens.
Ponto.
Sou cambota de automóvel.
Pássaro.
Palmeira.
Durmo sonos de esmeralda
e de pimenta.
Tenho um heterónimo
lunar
pronto a implodir
nas cordilheiras do Sul.

Inclino o tempo
que me é dado
ao riso dos meninos
e ao lamento pungente
dos violinos perdidos
no centro
da escuridão.

Todo o silêncio me é música.

Toda a geometria é o meu lugar.

Todos os lugares
acordam no meu peito.


(“Elogio dos peixes das pedras e dos simples”, José Fanha)

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