quarta-feira, 7 de setembro de 2011

A BRUXINHA DE LEIRIA



Reproduzo o post de O Jardim Assombrado" da minha amiga Carla Maia de Almeida e junto a minha voz a outras como o blog da Revista "Os Meus Livros" que lamentam o final desta página única na nossa imprensa.

Da Carla:

Porque o fim de uma coisa é sempre o princípio cativo de outra coisa qualquer – quantas vezes maior e mais forte –, não é com penas nem melancolias de chuva pré-outonal que O Jardim Assombrado termina o silêncio das últimas semanas para anunciar o fim de A Bruxinha, suplemento infantil do semanário Região de Leiria coordenado por Sílvia Alves – autora, contadora de histórias e uma das pessoas que mais têm contribuído para a divulgação da literatura para crianças nos últimos anos. Para a Sílvia, vai um grande abraço e o desejo de outros voos e outras latitudes. O texto que se segue corresponde à última crónica publicada no Região de Leiria, a 27 de Agosto de 2011:

“Os hábitos de leitura fazem-se de pequenos passos. Os leitores do futuro são as crianças que começam a fazer caminho. A Bruxinha começou há doze anos a falar de livros e leitura, muito antes de um PNL decretar esse caminho. Os jornais estão em reinvenção lenta de um saber fazer que pede a articulação da tradição do papel com novos caminhos que se abrem online. Os que souberem ver mais longe construirão o futuro. A rapidez da notícia viverá a par da narrativa mais detalhada mas, num ou noutro formato, não haverá jornais grátis: são feitos de pessoas e do seu trabalho que tem um preço inalienável.

Hoje, com memorandos hostis a ditar tempestades, a Bruxinha chega ao fim. No seu coração, amarrotado já de saudade, leva a esperança de ter deixado algumas sementes de bons leitores. A eles e a todos os que, em doze anos, comigo colaboraram desejo as maiores felicidades. Continuaremos a encontrar-nos nos livros e nas histórias contadas onde nascem e vivem para sempre as Bruxinhas de Papel.

Esta é também, ao fim de sete anos, a minha última crónica no Região de Leiria. O sempre e o nunca são palavras armadilhadas, neste tempo de estender mapas e descobrir novos rumos. Do fim diz Agustina: “O que resta é sempre o princípio feliz de alguma coisa". Seja.”ão os que têm lamentado o desaparecimento da página "A Bruxinha" do Jornal

6 comentários:

Licínia Quitério disse...

Não quero lamentar porque a Sílvia fará nascer algo ainda melhor. Aqui fica o meu abraço para a Sílvia e amigos.

JOSÉ FANHA disse...

Também acredito que sim.

Mas é triste e revoltante vermos que um espaço destes e com a qualidade que tinha foi eliminado quando a luta pela leitura e pela literacia é cada vez maior.

É também um sinal de que está titubeante e mal dirigida a imprensa regional que tem desempenhado um papel tão importante assumindo a diferença e, por vezes, de uma forma corajosa e exemplar.

Lamento a atitude de quem dirige o Região de Leiria.

Envio um beijinho, muita ternura à Sílvia e acrescento o desejo que algum jornal ou revista aproveite a sua experiência longa e a sua palavra limpa.

Paulo Freixinho disse...

Vamos esperar que a Sílvia volte rapidamente... nas páginas de um jornal ou num outro qualquer suporte... a Bruxinha merece continuar a encantar os mais novos com as suas palavras e sugestões de leitura...

Sílvia Alves disse...

Obrigada, José Manuel! Obrigada a todos. São tristes sinais destes tempos... Mas, por acabar uma “Bruxa”, não se hão-de esgotar os “feitiços”. Diversos são os caminhos, muitos são os caminhantes precisos para saber ler este mundo e para o rescrever melhor.

xunandinha disse...

Olá, tenho uma filha que gosta muito de ler,desde que entrou no Agrupamento Francisco de Arruda com apenas 5 anos que participa no desafio lançado,este ano como outros, o conto que escreveu foi um dos escolhidos e como tal iria, mais uma vez ter a possibilidade de conhecer outro escritor pessoalmente e trazer para a sua vasta colecção de autografos mais um.
Nunca queira ver o olhar de desilusão de uma criança de 10anos e de revolta como eu vi!
Nos outros concursos, as crianças premiadas, recebiam um livro do escritor e depois ele autografava, este ano e vamos lá saber porquê, as crianças receberam livros de outros autores, Joana na fila e eis que chega a sua vez e o senhor disse-lhe:Não autografo livros de outros escritores, tem de ser meu.
Claro que está no seu direito, mas se eu estivesse presente com toda a certeza que o compraria, contudo penso que poderia gentilmente a confortar e fazer-lhe uma dedicatória num simples papel.
Errar é humano,alguém errou mas a Joana Não com toda a certeza,estou a fazer este comentário como mãe, mas também como mulher que dou de mim trabalho voluntario a toda a comunidade educativa, e que passo muitas noites sem dormir, preocupada com familias que mandam os filhos para a escola sem comer, qual igual à preocupação de escrever num livro que não seja meu.
Felicidades,
bem-haja

JOSÉ FANHA disse...

Cara Xunandinha,

Lamento muito a tristeza da sua filha. Lembro-me da situação.
Mas devo-lhe dizer que não recuso autógrafos a nenhum menino em livros que eu tenha escrito, em cadernos, livros de autógrafos e até em folçhas soltas.
Parece-me um abuso ou uma falta de respeito assinar um livro de outro autor.Creio que foi isso que procurei explicar à sua filha se bem me lembro.
Imagine-se o que era eu começar a autografar livros da Alice Vieira ou do José Jorge Letria ou do José Saramago ou...
No entanto, para limpar essa tristeza, enviar-lhe-ei com todo o gosto um livro meu assinado por mim.
Diga-me o nome dela e a morada para onde o possa fazer.
Lamento o facto de não me ter expressado de forma a que ela entendesse devidamente.
Obrigado, de qualquer forma pelo seu comentário.