AS AVESTRUZES BAILARINAS
(Sobre uma pintura de Paula Rego)
Perderam no ovo
a memória do voar.
As avestruzes.
Têm desejos aerodinâmicos.
Dormem numa febre de sentir
encostado ao peito
o mecânico ruído de turbinas
hélices
motores.
Têm sonhos que nunca confessarão
nem sequer á própria sombra.
Aspiram soluçando à forma das fuselagens.
Perderam no ovo a inclinação
à travessia das nuvens.
Vão dançar a noite inteira
procurando tristemente a memória
de uma estrela de um cometa
ou de uma asa.
(de "Marinheiros de outras luas", a publicar)
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