LABIRINTO
(Sobre uma gravura de Bartolomeu Cid dos Santos)
“Sabemos agora que não é necessário que os átomos tenham um objectivo.”
Umberto Eco, “A linha e o labirinto”
Vou fazer um labirinto
no outro lado da lua.
Com palavras ou pedras
ou nuvens ou fios de lã.
Tenho de fazer um labirinto
para lá da esquina do vento.
Um labirinto entre o céu e a terra
onde alguém tropece
no cheiro quente
das castanhas em Outubro.
É urgente construir um labirinto
em Outubro ou em Fevereiro.
Um labirinto onde a lua
em cada noite se tinja
de um vermelho escandaloso.
Tenho de inventar a geometria
sem fuga nem distância.
Tenho de fazer acontecer um labirinto.
E soltar o touro essencial.
E acender o olho do falcão.
E rasgar a carne até ouvir
na cor do sangue
a flauta de Mozart.
Tenho de inventar um labirinto,
o lugar onde venha, porventura,
a encontrar-me um dia com todos os que amo,
filhos ou amigos,
pássaros felizes sobre o mar.
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1 comentário:
~
~ Geometria e amor...
~ Ternura ...
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