sábado, 21 de junho de 2014

PAI

PAI

(Sobre uma escultura de João Cutlieiro)


“Aos 16 anos uma pessoa ainda pensa que pode fugir ao pai.”

Salman Rushdie

Busco um pai ausente aqui,
na pedra,
na severa e segura presença
da pedra,
um pai de pedra,
um chão de onde partir.

Busco duas asas de granito
vigiando o descaminho
dos meus passos,
duas asas ou um pai
de pedra erecta e justa,
resistindo eternamente
ao trabalho da ferrugem.

Busco a profissão do guerreiro
grávido de fé e de furor.

Busco à beira-mar
um pai de pedra
onde possa descansar
a febre do olhar.

Busco um fio de prumo,
um pai definitivo
amável e bondoso
surgindo vertical
do puro espanto da terra.

2 comentários:

Majo disse...

~ ~

~ ~ ~ Perfeito.

~ ~ ~ ~ ~ Tocante.

~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ ~ Belo.

Majo disse...

~
~ ~ José, desejo-lhe um Verão muto agradável e inspirador. ~ ~